ELEMENTOS DE JUSTIÇA E VINGANÇA PRESENTES NA PEÇA “O MERCADOR DE VENEZA”, DE WILLIAN SHAKESPEARE
Resumen
O mercador de Veneza, de Willian Shakespeare, possibilita, pela riqueza dos papéis, perceber a influência dos elementos de justiça e vingança nas relações privadas. Essa influência decorre de fatores inexplícitos presentes no interior das relações. A atuação das personagens em momentos distintos da peça revela que a resolução de certos conflitos independe de compensação pecuniária ou da obtenção de uma composição formal. A origem do problema por vezes toma proporções baseadas em concepções de vingança e exprimem o fascínio em investigar as causas subjacentes de certas posturas, notadamente quando a extinção da obrigação por uma compensação financeira é deixada em plano secundário e dá lugar à necessidade de buscar-se a satisfação do sentimento ou sentido de vingança nascido a partir de aspectos que fogem aos contornos puramente obrigacionais presentes nas relações privadas. Nesse contexto, o artigo aborda dois trechos da peça que tomam essa conotação, passando, em seguida, à investigação da aproximação entre o direito público como tentativa de demonstrar a confluência entre as estruturas de vingança. A conclusão pretende aproximar as lições da novela às relações jurídicas contemporâneas, permitindo que, a partir da constatação da presença de Themis, possa-se reequilibrar a relação à luz da influência de Diké.
Citas
JÚNIOR, Tercio Sampaio Ferraz. O Direito, entre o futuro e o passado. São Paulo: Noeses, 2014, p.65.
______. Michael Kohlhaas: justiça e vingança. São Paulo. 2018. No prelo.
SHAKESPEARE, William. O mercador de Veneza. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2354> Acesso em: 25 de maio de 2018.
CHAVES, Rosângela. A capacidade de julgar: um diálogo com Hannah Arendt. Goiânia: Cânone Editorial, 2009. p. 83.